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quarta-feira, 17 de março de 2010

Barragem de Belo Monte: RESISTIR É PRECISO!

Rosalvo Salgueiro, coordenador nacional do SERPAJ-Brasil,
escreveu este artigo que já foi reproduzido por vários blogs,
nós também vafezmos essa repercussão:

do Blog do DERPAJ-Brasil



No próximo dia três de abril o governo Lula fará o leilão para escolher a empresa que construirá a usina hidroelétrica de Belo Monte no Rio Xingu, no Estado do Pará.

Apesar dos esforços de Dom Erwin Käutler, bispo de Altamira a principal cidade da região, e também de lideranças indígenas como o Cacique Raoni e de entidades locais como o Movimento Xingu Vivo para Sempre e Painel de Especialista e muitas outras, o governo vem conseguindo esconder da população brasileira essa grande tragédia. A mídia ainda não tem colaborado, quando noticia o faz de maneira apressada e imprecisa, dando a impressão de cumplicidade.

O que está em marcha no Xingu é a mais espetacular tragédia ambiental que a Amazônia já viveu e que certamente nos prejudicará a todos. Será a terceira maior hidroelétrica do mundo ficando atrás apenas das usinas: Três Gargantas na China e da Itaipu Binacional Brasil/Paraguai.

A Barragem de Belo Monte é o principal projeto do PAC, o famigerado Programa de Aceleração do Crescimento do governo Lula e vai custar ao contribuinte brasileiro a monumental cifra de 30 bilhões de dólares, além do extraordinário impacto ambiental, humano e cultural que vai provocar, em prejuízo de todo o planeta e humanidade. O governo justifica essa obra dizendo que é absolutamente indispensável para o crescimento da economia e o desenvolvimento do país.

Na região a ser inundada vivem dezenas de milhares de pessoas, das quais, mais de 20 mil terão que ser removidas, incluídas aí 15 diferentes etnias indígenas que estão sendo obrigados a deixar para trás seus lugares sagrados e os sítios onde milenarmente viveram seus ancestrais.

Para gerar energia elétrica será inundada a floresta virgem, formando uma lâmina d’água de mais de 516 k², além de desviar o rio de seu leito natural transformando-o num filete d'água nuns lugares e deixando-o completamente seco noutros, por mais de cem quilômetros. O desvio do rio será operado através de dois canais de 500 metros de largura por 35 km de comprimento, a terra escavada e removida assim como o concreto usado para forrar esses canais superam em muito o que foi feito no Canal do Panamá que liga o oceano Atlântico ao Pacífico.

A capacidade instalada da usina de Belo Monte com os seus 11.182 MW, só vai operar com à plena potência durante escassos três meses do ano, em função do regime de chuvas da região. Nos demais meses, a água disponível será suficiente apenas para uma geração firme de energia na casa dos 4.670 MW, ou seja, pouco mais de 40%, o que torna esta energia muito cara, fato que por si só já seria suficiente para inviabilizar o investimento.

Para aumentar e regularizar a vazão do Rio Xingu naquela área e viabilizar Belo Monte, será necessária a efetivação de um complexo sistema que consiste na construção das outras quatro represas, que formarão reservatórios com áreas tão grandes que a própria Eletronorte tem receio de divulgar. O fato é que, ao contrário do que diz a Eletronorte e o governo, o Brasil não precisa de Belo Monte.

A estratégia do governo para rebater as críticas ao projeto de Belo Monte é deixá-lo sempre em aberto, assim qualquer número pode ser contestado ou revisto e modificado. O custo da obra inicialmente previsto foi de 1,7 bilhões de dólares, atualmente vai a leilão por mais de 19,6 bilhões de reais.
A área a ser coberta pelas águas inicialmente era superior a 1.200 Km² atualmente o governo diz que serão somente 440km². Para este artigo, ficamos com os números dos especialistas que tem tratado da questão, que são os 516 km² já mencionados.

O medonho impacto ambiental será sentido desde o início da obra com a movimentação de máquinas e remoção de terras e vegetação, culminará com o represamento das águas que destruirá a vasta biodiversidade da região, que certamente ainda contem inúmeros espécimes de vida que sequer foram catalogados, sendo que muitas podem ser endêmicas e se perderão para sempre.

A destruição da natureza continuará depois de inaugurada a fatídica usina, pois para sua construção ocupará mais de 80 mil trabalhadores que atrairão toda uma estrutura de apoio, criando vilas e povoados que inevitavelmente desmatarão grandes áreas no entorno da represa.

A lista dos inconvenientes é enorme todos de gravíssimos conseqüências, não só para a região próxima de Altamira, mas para todo o planeta.

A opção deste governo pelos mega projetos, dos tempos da ditadura militar, como a transposição do Rio São Francisco e agora essa monstruosa barragem é absolutamente contrária a tudo que o PT e o próprio presidente Lula sempre pregaram. O que é que pode explicar essa mudança tão radicalmente oposta a toda sua biografia e discurso?

Outro ponto estarrecedor deste projeto foi o processo de diálogo com a comunidade atingida, que é uma obrigação legal, consagrado na Constituição Federal do Brasil art.231 § 3, e só teve início por imposição da justiça, e ainda assim aconteceu de “mentirinha”. Tudo já estava definido, o que se viu foi uma tremenda manipulação e feroz brutalidade.

As organizações sociais (Movimento Xingu Vivo Para Sempre), religiosas (Prelazia do Xingu, CIMI, CNBB) e científicas (Painel de Especialistas), e muitas outras, no Brasil e também do exterior têm denunciado esse megalômano projeto como inviável, prejudicial e desnecessário.

Intelectuais de todas as áreas tem se posicionado contra e mostrado os seus inconvenientes, cada um em seu campo de atuação. Os professores Dr. Célio Bermann da Universidade de São Paulo USP,e o Dr. Rodolfo Salm da Universidade Federal do Pará, escreveram vigorosos artigos para mostrar, de modo técnico, que o Brasil não precisava e não precisa dessa usina, Os teólogos Leonardo Boff e Frei Betto e muitos outros tem demonstrado com absoluta clareza a inconsistência moral e ética. Enfim, só mesmo Lula e seu governo, além das empresas que lucrarão com a obra, é que são a favor.

Na última quarta feira, 10 de março, um grupo de 140 entidades ambientalistas do Brasil e do exterior entre elas a Amazon Watch e o Greenpeace enviaram uma carta ao presidente Lula cobrando seus compromissos e exigindo-lhe que honre a palavra dada, de que: "Belo Monte não seria forçado goela abaixo de ninguém" e também se posicionado claramente contra mais esse crime ambiental.

A Barragem de Belo Monte está servindo para mostrar para o mundo, uma faceta do presidente Lula que internamente conhecemos bem, que é a de falar uma coisa e fazer exatamente o contrário e ainda assim continuar dizendo que faz o que prega.

O presidente Lula e sua máquina de propaganda espalham pelo mundo que ele é ecologista, e vem executando um vigoroso programa de distribuição de renda no Brasil.
Ora, desde o primeiro dia de seu governo os banqueiros vem tendo lucros recordes ano a ano. Em 2009 a fortuna dos bilionários do Brasil cresceu 120 por cento. Na semana passada, 6 de março, a revista “Forbes”, sim, aquela que publica a lista dos bilionários do mundo, publicou que 18 deles são brasileiros, e trouxe a informação que um deles o Sr. Eike Batista cresceu em um ano sua fortuna no Brasil, de 7 bilhões para 27 bilhões de dólares. Tudo em tempos de crescimento negativo da nossa economia.

Isto é ou não o mais extraordinário e macabramente espetacular processo de concentração de renda?

As pessoas e comunidades atingidas diretamente por esse absurdo continuam dispostas a lutar até a exaustão para defender seu modo de vida, sua cultura, a floresta, e o planeta de todos nós, com a própria vida se necessárias.

Não duvidemos, o presidente Lula e seu governo não hesitarão em passar por cima de quem quer que seja, como aliás tem sido sua marca.

Para enfrentar essa luta, a solidariedade internacional é fundamental, busquemo-la.
Resistir é preciso!

Por: Rosalvo Salgueiro

segunda-feira, 1 de março de 2010

Entrevista de Ernesto Cardenal


O poeta maior da Nicarágua, o padre revolucionário Ernesto Cardenal, um dos mais destacados expoentes da poesia latino-americana, tendo sido inclusive indicado para o Prêmio Nobel de literatura. Nesta entrevista Ernesto Cardenal fala da Revolução Sandinista, das suas conquistas, e também dos descaminhos do atual governo nicaraguense que é chefiado pelo ex-revolucionário e ex-comandante Daniel Ortega.

Sobre o então prefeito de Manágua, o ex-boxeador três vezes campeão do mundo Alexis Arguello, diz:

“Bom não sei, se o prefeito é sandinista / danielista eu diria que não há nada possível com ele. Com esse “sandinismo” não há nada possível, é uma ditadura , uma ditadura de uma só família, do presidente, sua esposa e os filhos, ninguém mais...”




Por: Rosalvo Salgueiro